Há exatos 24 anos, a segurança pública em Guarapari ganhava um novo capítulo com a criação do 10º Batalhão da Polícia Militar. De um pequeno pelotão subordinado a Vila Velha, o município ou a ter uma estrutura própria, dedicada exclusivamente às suas demandas. Hoje, o batalhão é símbolo de evolução, comprometimento e, principalmente, proximidade com a população.
Comandado desde 2024 pelo tenente-coronel Walter Francisco de Araujo Filho, o 10º BPM celebra seu aniversário com um olhar firme no ado, mas com os pés plantados no presente e a visão voltada para o futuro — com uma tropa cada vez mais capacitada, equipada e conectada com a comunidade que protege.

Da repressão à parceria: o salto do policiamento comunitário
Um dos maiores avanços nesses 24 anos está na forma como a polícia se relaciona com a sociedade. O comandante, com quase três décadas de carreira, é um defensor da filosofia do policiamento comunitário — uma prática que aprendeu na linha de frente, nos anos em que atuou em regiões como Terra Vermelha, em Vila Velha, e posteriormente em Anchieta e Piúma.
“A insegurança é percebida por quem a sente. Não adianta o policial supor qual é o problema. É preciso ouvir a comunidade para entender e agir com precisão”, afirma o Tenente-Coronel Walter.
Foi com essa visão que, ainda em 2024, nasceu o projeto Rede Comunidade Segura, que promove reuniões mensais entre moradores e a PM para discutir, de forma direta, os desafios de cada região. A ideia é simples: identificar problemas específicos de cada bairro e redirecionar o policiamento conforme as demandas locais. “Tem dado muito certo”, resume o oficial.
Essa abordagem ganhou reforço técnico. O comandante e o subcomandante do batalhão chegaram a ir ao Japão para estudar o modelo de polícia comunitária aplicado lá. O conhecimento, agora adaptado à realidade capixaba, tem feito diferença na prática.
Investimento em estrutura e preparo: a PM que evolui

Quem observa o 10º BPM hoje talvez não imagine como era o cenário há alguns anos. Viaturas antigas, armamentos obsoletos e falta de estrutura eram realidade até meados da década ada.
Hoje, a situação é outra. Viaturas novas, armas modernas, equipamentos de proteção individual e um programa de treinamento contínuo garantem mais preparo e segurança para os policiais e para a população.
“Não temos hoje um policial que vá pra rua sem colete. Nosso armamento é de ponta. E todos aram por treinamento de tiro e uso de equipamentos como armas de condução elétrica”, explica o comandante.
Essa estrutura reforçada tem refletido diretamente nos resultados. Em 2024, o 10º BPM protagonizou a maior apreensão de cocaína pura da história do Espírito Santo — mais de 1,4 tonelada da droga, avaliada em R$ 200 milhões.
Além do impacto na criminalidade, o caso se tornou símbolo da integridade da tropa. “Nenhum dos policiais cogitou se apropriar de nada. Entregaram tudo. Isso mostra o grau de caráter e profissionalismo da nossa equipe.”
Aniversário com celebração, reconhecimento e integração
Para marcar os 24 anos de existência, o batalhão preparou uma série de eventos entre os dias 12 e 13 de junho:
Missa em ação de graças, celebrando a vida dos policiais e seu papel na sociedade;
Solenidade oficial no SESC Guarapari, com homenagens a autoridades e parceiros da segurança pública;
Entrega de medalhas de mérito do 10º BPM a policiais e ex-comandantes que marcaram a história da unidade;
Reconhecimento aos destaques operacionais, incluindo aqueles com maior número de prisões e apreensões no último ano;
Torneio de futebol com as três companhias da cidade, promovendo integração interna e também com unidades vizinhas como Anchieta e Terra Vermelha.
“A gente tem que valorizar quem está na rua, quem entrega resultado, quem se dedica. Esses eventos celebram isso. E são uma forma de agradecer àqueles que juraram arriscar a própria vida por pessoas que nem conhecem”, destaca o comandante.

Uma tropa que é só de Guarapari
Hoje, o 10º BPM é composto por cerca de 230 policiais militares, divididos em três companhias responsáveis por todas as regiões da cidade. Cada uma delas atua com foco territorial, o que permite uma resposta mais eficiente e próxima da realidade local.
Diferente de unidades que atendem vários municípios, como era no ado, Guarapari tem hoje uma estrutura policial 100% dedicada ao município. “Isso é um prestígio para a cidade”, pontua o tenente-coronel. “Conseguimos direcionar nossos esforços com mais precisão, sem dividir a atenção com outras localidades.”

Da Vale à vocação: a história de quem comanda
Nascido no Espírito Santo e formado como técnico metalúrgico, o atual comandante ingressou na PM em 1996 após trabalhar na Vale do Rio Doce. O motivo? O salário não era suficiente para os planos que fazia com sua então namorada, hoje esposa.
“Entrei por necessidade. Fiquei por vocação.”
Desde então, ou por diversas funções operacionais e istrativas, atuando especialmente em áreas sensíveis da Região Metropolitana e do Sul do Estado. Ao longo do tempo, foi moldando uma visão mais humana sobre a função policial.
“O principal aprendizado que tive na polícia é que sempre dá pra melhorar. Sempre dá pra aprender. Se você não sabe, aprenda. E faça.”
Uma missão que vale a pena
Para os jovens que sonham em ingressar na Polícia Militar, o comandante é direto em sua última fala nessa reportagem:
“Encare o desafio. Ser policial é ter orgulho de servir. É uma carreira que te transforma, que te desafia todos os dias, mas que te dá muito em troca. Vale a pena.”
Uma polícia mais próxima, mais preparada, mais humana
Ao completar 24 anos, o 10º BPM de Guarapari mostra que segurança pública não se faz apenas com viaturas ou armamento — se faz com escuta, parceria e respeito.
E se a missão da Polícia Militar é proteger, o batalhão de Guarapari tem feito isso com excelência: de forma técnica, ética, próxima e com profundo senso de responsabilidade social.
Reportagem especial do Portal27 em parceria com a Polícia Militar do Espírito Santo.